A dama na sociedade e a puta que o pariu!

Uma espécie de resenha crítica
Você está vadeando na internet, encontra um blog como o Manual do Cafageste (para mulheres)¹, lê, acha interessante, continua lendo e, de repente, bate aquele desânimo - sabe aquela sensação que dá no segundo após você desistir de mudar o mundo?

Bate uma preguiça de discordar de uma sociedade tão padronizada, um cansaço na hora de contestar aquele velho argumento de que “homens querem uma dama na sociedade e uma puta na cama”.

Dá uma sensação de esgotamento moral quando a gente lê que “nenhum animal gosta de bicho que está capengando. Se um leão vê uma zebra toda caindo no seu pé e vê uma mais saudável correndo, vai atrás dessa. Caso ele não consiga alcançar esta, ele come aquela. Homens não são diferentes.” (sic), ou que relacionamentos sérios não serão constituídos com mulheres que transam no primeiro encontro, enfim, quando a gente vê se repetir o velho conselho: se você, mulher, gosta de um amasso, mas não quer ser chamada de piriguete ou tachada de lanchinho, segure a onda para se “valorizar”. Porque você deve ser um prêmio, inteiramente reservado para o melhor caçador – e, com ele, trate de trepar no lustre para mostrar que você é puta de um homem só – afinal, ele merece: ele pagou o cinema no primeiro encontro e te levou num motel caro (e o preço do lugar onde ele te leva, você sabe, é igualmente proporcional ao valor que ele lhe dá!).

Diante dessas e outras opiniões dos machos geométricos e das fêmeas que não sabem simplesmente serem felizes, eu confesso que a minha revolta já passou. Eu nem discuto mais, deixo do jeito que está. No fundo, eu sei que não há sutiã suficiente para queimar esses vestígios sutis do patriarcado. Agora, apenas a conformação, no máximo o descaso. Vão mulheres, moldem-se. Sejam sempre jovens, belas, limpas e saradas. Vistam lingerie X, façam depilação Y, não façam tatuagem no “lombo” se não quiserem dar a bunda². Não falem palavrão, não passem da conta. Sejam o que lhes pedem: uma moça de respeito lá fora, uma vagabunda entre quatro paredes. Se dêem valor. Por favor, não façam como eu.

Eu? Eu não preciso me dar valor. Afinal, eu não sou um objeto à venda, nem por três cantadas baratas, nem por um carro importado, nem por um papo inteligente. Não sou um bombom fino, pronto para ser desembrulhado e comido por quem pagar o preço (literal ou não). Eu, realmente, nunca me dei valor nenhum.

Afinal de contas, como diria uma comunidade da qual participo, eu penso. Logo, desisto.

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¹ O blog não é de todo ruim. Diz algumas verdades, principalmente para mulheres que se iludem muito fácil e dá dicas de sexo para os que procuram. O texto é bom. Garante até uma ou outra risada e o “cafa” (ui!) é mesmo confesso que adora provocar feministas. Pelo menos, um caso de honestidade. Ou seria de glamourização da sacanagem?

² Assunto de um post do referido espaço online.

6 comentários:

Lu disse...

Chris, ótimo texto. Seguindo sua linha de pensamento, deixe-me "emputecer" um pouco então...tirando a blusa e dando o sutiã pra Yuki comer. A calcinha fica. Por euquanto. Mas é vermelha, pra dar um ar de "vadia" ok?

Bjuss.

Anônimo disse...

Eu queria antes de mais nada dizer que o rapaz do referido blog deveria assistir mais que o big brother e dar uma passadinha no discovery channel de vez em quando... Só uma vez por mês já basta.

A história do leão deixar de lado a zebra que está dando mole é a maior aberração do safari. Esse cara não sabe que os felinos tentam justamente afastar os animais mais lentos e menos favorecidos da manada, para então, atacá-los? Essa analogia dele foi completamente inventada...

Eu acho que isso diz um pouco sobre os posts dele. Se inventou uma completa analogia do mundo natural, pq deveríamos acreditar em mais algo que ele tenta passar?

E tem mais, se as mulheres forem queimar mais sutiãs nas ruas, eu vou lá ver e apoio! (lol, tinha que ter pelo menos algum humor no comentário!)

Anônimo disse...

Principalmente se elas tirarem os sutiãs na hora, né, Sílvio? Hahaha. Pelo menos uma piada cafageste interessante ;-)

Anônimo disse...

Pow!! Muuuuito, booom Chris!!! Adorei o texto, principalmente a revolta que há nele. E não, não se canse, continue dizer o que você pensa, por mais saturada que você esteja, nunca se canse, pois é essa a técnica mais phoda que o sistema que já nos subjuga utiliza para nos pressionar e assim nos padronizar. Mesmo que no nosso íntimo saibamos que não somos moldáveis, diga o que você pensa, pois só assim de algum jeito poderemos mudar algo. Machismo é algo tão encalacrado no senso comum, que vai ser preciso muita doutrinação e obstinação para libertar essas mentes pouco desenvolvidas, ou pelo menos a doutrinação pode ser mais efetiva nas mentes que chegam agora...assim espero. Mas é isso aê, vai com tudo!

Melhor parte: penso, logo existo e não me dou valor..adorei o conceito que você desenvolveu..afinal somos seres individuais e únicos, e não personalidades desenvolvidas perante o molde de um gênero.

Abração Chris e como sempre show o texto :D

Rafaela Paiva disse...

Se não comentar vou acabar levando um chute na bunda.
Adorei o novo conceito que vc criou com o famoso "se dê valor" e sinceramente amei, pq essa frase só é usada para a mulher quando esta quer tomar conta de sua vida e raramente é usada sem ser num contexto machista.
Não suporto esse mundo machista e sexista que vivemos, onde o homem (principalmente em relação ao sexo) pode tudo e a mulher quase nada, percebemos isso claramente na criação de adolescentes onde tem um filho e filha, para ele a mãe fornece a camisinha e ai da filha se for encontrada com uma na bolsa.
Quanto a mulher "dar" ou não "dar" cabe a cada relacionamente, se acontece no primeiro encontro ótimo, pelo menos os dois já vão se conhecendo na cama, e ai de quem ouse dizer que isso não é importante num relacionamento a dois e se o cara não quiser a mulher exatamente por isso, é o primeiro sinal de que foi melhor assim, pelo menos não se iludiram durante anos, já fica sabendo o carater de cada um.

Entendo seu emputecimento com essas situações, constatemente conversamos sobre isso (principalmente no carro), mas se tem uma coisa que dói de raiva são mulheres, se é que assim podem ser chamadas, que deixam ou fazem com que os seus companheiros paguem tudo, aiiiiii que ódio, realmente acabam se tornando mercadorias e verdadeiras prostitutas, pq é como se a companhia delas merecesse aquilo, OMG, onde vamos parar?

Acho que falei demais, mas é pq isso me emputece tbm.

Anônimo disse...

Sobre as mulheres que exigem que os homens paguem tudo, o argumento é que que elas já estão dando a eles o prazer da companhia (e algumas vezes do sexo).

Enfim, eu não tenho nada contra prostitutas (e sim contra a exploração do trabalho delas pelos homens), mas essa atitude das mulheres se assemelha mesmo a isso, afinal prostitutas estão dando a eles o prazer do sexo (e algumas vezes da companhia).

A velha história da mulher-objeto. E dos vestígios sutis do patriarcado.