FIG 2009: Minhas impressões

Entre os dias 16 e 19 desse mês, tive a oportunidade de viajar à Garanhuns para curtir a 19ª edição do Festival de Inverno. Pretendia comentar sobre a viagem no Twitter, mas são tantas impressões que não caberiam nem mesmo em várias tuitadas de 140 caracteres. E, de repente, esse post pode até servir como fonte de informação para quem estiver planejando viajar para lá. Afinal, a programação segue até o dia 25 de julho.

Bem, a distância entre João Pessoa e Garanhuns é de 330km. Eu, meu digníssimo noivo e mais três amigos cometemos o erro de sair de João Pessoa às 16h00 da quinta, o que nos fez passar pela perigosa estrada de Caruaru durante a noite. De todo modo, chegamos a salvo na casa onde ficamos hospedados depois de pouco mais de quatro horas de viagem e só tivemos tempo de nos arrumar e seguir já para assistir os shows.

Os shows
Como não sou a maior fã de MPB (e o noivo menos ainda), aproveitei a maioria das apresentações assistindo de longe, conversando e observando o tráfego do pessoal que, a cada dia, lotava mais a Esplanada Guadalajara. Mas, de acordo com a própria Maria Rita, o show dela foi inesquecível. Lenine, na minha opinião, ofereceu o que já se esperava em termos de musicalidade e performance. Já Fernanda Abreu surpreendeu meus amigos com seu funk, samba rock e constante animação. Finalmente Rita Lee, no sábado, extasiou a extensa platéia que se abarrotava cantando, de cor, Ovelha Negra e Mania de Você.

Em termos de segurança, o evento está de parabéns. Bem policiado, conseguimos levar celular, câmera e fotografar tanto os shows quanto os pontos turísticos sem maiores complicações. Mas, como nada é perfeito, apesar da presença do Corpo de Bombeiros para maiores emergências, sentimos falta de um posto de saúde instalado nas imediações do Festival.

Gastronomia
Durante o FIG, em praticamente todos os pontos turísticos da cidade e pólos de atrações se vende chocolate quente. Crepes, pastéis, bolinhos e espetinhos completam o cardápio mais em conta. Já na área dos shows, vinhos e fondues para os paladares mais requintados e bolsos mais gordos.

Por indicação de várias pessoas (inclusive uma do CouchSurfing), resolvemos almoçar em um restaurante tradicional chamado O Chalé, com boa comida self-service e preços relativamente baixos. Para lanchar, conhecemos por acaso o Burgueria, cujo nome diz a que veio, e uma padaria 24h já preparada para receber o pessoal que volta do Festival de madrugada. E, por incrível que pareça, não tenho o que reclamar, nem mesmo do atendimento, que foi bastante tranquilo.

O clima

Garanhuns é uma cidade alta e fria. Os sites indicam uma mínima de 15°, mas para alguém como eu, que bate o queixo aos 23° em João Pessoa, a sensação é de estar, praticamente, na neve. Dá até para sair aquele ventinho quando a gente fala! Mas, matutices a parte, o friozinho é gostoso quando se está na cama, enrolada em edredons, abraçada a alguém ou, pelo menos, a um bichinho de pelúcia. Mas a céu aberto, em meio à névoa visível, nem as luvas e cachecóis me impediram de desejar vestir uma burca de lã.

A sexta-feira foi o dia mais "carregado" da nossa estadia, mas infelizmente eu quase não tive acesso à internet para ver que temperatura estava fazendo naquele Niffleheim. Na volta, ao passar por Recife, juro como agradeci pelo sol a pino e por poder voltar a usar Havaianas.

A moda
Mesmo assim, verdade seja dita, em Garanhuns boa parte do meu lado frívolo se manifestou e uma das coisas que mais me prendeu a atenção foi justamente o quão elegantes as pessoas ficam vestidas em roupas de frio. Via-se botas, luvas, meias grossas, cachecóis, casacos e até sobretudos! Fora um par ou outro de tiros gritantes e descontando a minha avaliação nada profissional, acho que a maioria esmagadora das pessoas estava bem vestida de saltar aos olhos. Sem contar que o tempo frio, por si só, passa aquela impressão de educação e sutileza capaz de agradar até mesmo uma boa ogra como eu.

Mas, como bons brasileiros, as baixas temperaturas não parecem deixar o povo mais frio, como se diz da Europa, por exemplo. Pelo contrário, em meio aos shows, vi vários casais se incendiando aos beijos e incentivando meu voyerismo de línguas e muita gente abraçada, tentando gerar calor ou, pelo menos, roubar o quentinho do bolso do casaco alheio.

E como já era de se esperar, os "nativos" de Garanhuns não sentem tanto frio quanto os turistas. Era comum ver algumas meninas passeando de tomara-que-caia enquanto eu e minhas amigas dobrávamos de tamanho sobrepondo três blusas. E, mesmo entre os turistas, a sensação de frio é uma coisa curiosa. Enquanto uns (como eu) não aguentavam sair na esquina sem meio quilo de tecido ao redor do pescoço, outros se contentavam com uma simples jaquetinha jeans.

O melhor é que, salvo raras excessões, ninguém olha como se você fosse de outro planeta só porque sua pele se arrepia mais do que a do vizinho.

Economia
Durante o FIG, parece que toda a cidade dá um jeitinho de tirar o seu salário extra. A economia realmente se movimenta durante o Festival, a custa do turismo.

Para evitar as filas dos banheiros químicos nada higiênicos, precisamos pagar R$ 0,50 para usar o de uma sorveteria. Os estacionamentos privados abusam dos preços, embora as vagas nas avenidas sejam satisfatórias e, certamente, mais baratas. É interessante destacar também que a maioria das mesas próximas ao show custam em média R$ 20,00, fora consumação. E eu cheguei a comprar um daqueles chicletes Fliks por R$ 2,00, quando no ponto do ônibus de Jampa me vendem a R$ 0,50.

Pontos turísticos
Garanhuns não é uma cidade tão pequena como alguns interiores da Paraíba que eu estava acostumada, mas também não é grande. Então, nem dá para gastar muito combustível conhecendo os pontos turísticos da cidade. Infelizmente foi tempo que nos faltou para olhar tudo, mas visitamos:

O Relógio das Flores
Pouco depois da entrada da cidade, o Relógio das Flores é basicamente um pequeno monumento situado numa praça bastante arborizada. O suficiente para parar, fotografar e sair. Durante o evento, enfrentamos até uma pequena fila para tirar fotos lá. É bonito, o clima da praça é legal, mas confesso que esperava mais.

O Cristo do Magano
O Cristo do Magano é um monumento em forma de cruz em cima do que me parece ser uma serra (não entendo muito de geografia, perdão). O monumento em si não é nada brilhante, mas a paisagem que se vê lá de cima é muito bonita e toda a estrutura, interessante e convidativa a fotos. No caminho, destaque para o amontoado de crianças da periferia pedindo trocados e correndo atrás dos carros (algo meio Slumdog Millionaire versão Nordeste).

Parque Euclides Dourado
Conhecido também como Parque dos Eucaliptos, um lugar que vale a pena ser visitado principalmente em outras ocasiões. É que durante o festival, lá são instalados palcos, parques para crianças, feiras de artesanato e outros pequenos eventos que impedem uma completa apreciação do verde e da tranquilidade do local. Para completar, fizemos nossa visita à noite e já cansados para fazer uma avaliação satisfatoriamente precisa.

Parque Ruben Van Der Linden
O Parque Pau-Pombo, como é conhecido em Garanhuns, é o equivalente à nossa Bica (embora eu não tenha visto animais, parece que lá também funciona um zoológico). Excelente pedida para quem quer caminhar, desacelerar e curtir um pouco de Natureza. Claro que nos dias do evento, em cada moitinha tem um grupo tirando fotos, mas é um dos passeios mais divertidos na minha opinião.

Castelo de João Capão
Era uma vez um encanador que encucou com a idéia de ter um reinado. Para isso, construiu para si mesmo um pequeno castelo nos moldes medievais em pleno interior de Pernambuco. A história é bacana, o tal João Capão até estava lá no dia de nossa visita... Mas, para ser honesta, não sei se foi o cansaço ou a pressa, porém o que mais me chamou a atenção lá foi esse gatinho:


Claro que a fachada e os jardins são bonitos e muito fotografáveis, mas a estrutura interna é fraca e os camelôs vendendo toucas, luvas e, claro, chocolate quente, tornavam o espaço um pouco claustrofóbico e ainda menos interessante. Para quem esperava um mini Brennand...

Infelizmente não conseguimos visitar o Mosteiro de São Francisco, o Santuário de Mãe Rainha, a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (apelidada de Igreja do Cuscuz, por causa de sua arquitetura) nem fotografar o grande e verde Hotel Tavares Correia, onde os pais de um dos meus amigos passaram a lua-de-mel.

Na minha opinião, a cidade pode ser melhor aproveitada em termos turísticos fora do período do FIG, livre do trânsito, das barracas e da grande quantidade de gente. Por outro lado, em nenhum outro período se poderá ver de perto artistas como Rita Lee, Maria Rita, O Rappa e Jorge Ben Jor cantando em praça pública e, o melhor, de graça!

Um comentário:

Anônimo disse...

de sophia para desoriental

este último tópico não corresponde a realidade :
Garanhuns ao longo do ano ainda tem:
FESTIVAL DE BLUES & JAZZ ( NO PERIODO CARNAVALESCO , E LOGO LOGO SE TORNARÁ MAIOR QUE O DE GUARAMIRANGA NO CEARÁ)

*FESTIVAL DE MUSICA E ARTE - ESTE SENDO O CONCURSO QUE MELHOR PAGA E QUE TEM A MAIOR ESTRUTURA DO PAIS NO PRESENTE MOMENTO - OCORRE EM ABRIL

* FESTIVAL DE LITERATURA EM SETEMBRO

* FESTIVAL DA JOVEM GUARDA ( NÃO SEI O PERIODO)

* E TEMOS UM VERDADEIRO WOODSTOCK NA FAZENDA MACUCA TODOS OS JANEIROS
* GARANHUNS FICA A MENOS DE 100 KM DO PARQUE NACIONAL DO VALE DO CATIMBAU - ABSOLUTAMENTE FANTÁSTICO
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