Com que terapia eu vou?

Vocês já devem ter notado que este blog anda meio que jogado às traças. E eu também já comentei em outra ocasião que acabei ficando tão exigente quanto aos assuntos e textos que vem pra cá, que perdi um pouco da graça. Mas graças à minha terapia, estou trabalhando essa questão.

Os mais chegados sabem que me interesso, em dada medida, pelas ciências do comportamento. E o que tenho visto, por experiência própria, é que a psicoterapia dá resultados, embora exija tempo, dedicação, abertura e disposição. Eu mesma cheguei a ir em cinco consultórios, de diferentes profissionais com diferentes abordagens, buscando a falada empatia, a famosa transferência, até ouvir aquele estalo quase romântico quando você encontra @ grande psicólog@ da sua vida.

Mas... se você é praticamente um pré-adolescente no quesito terapia, não sabe onde procurar nem muito menos o que vai encontrar, eis aqui algumas amadoras diretrizes. Meu único objetivo aqui é informar e desmistificar, um pouco mais, a idéia em torno de um tratamento psicoterápico.

Os profissionais da área vão me corrigir às tantas, mas, pelo pouco que pesquisei e vivenciei, a Psicologia tem três grandes linhas que agem como guarda-chuvas para as variadas abordagens: Comportamental, Psicanálise e Humanista. Como eu experimentei alguns meses de terapia com profissionais de cada uma dessas áreas, vou dar um resumo da minha vivência e daí vocês tiram o que veste melhor as suas cabeças.

Numa sessão de terapia comportamental, o foco é o que está acontecendo com você e como você está reagindo a determinada situação, pessoa ou problema. Eu recomendo para quem quer resultados mais rápidos, soluções para "tocar a vida adiante" depois de um abalo ou coisa assim. No meu caso, acontecia uma espécie de vazio porque eu não tinha uma queixa específica e toda sessão trazia um assunto novo para o psicólogo. As intervenções (leia-se: o terapeuta "se meter" e comentar algo que ele julga ser pertinente para o seu tratamento) são frequentes e a sessão mais parece uma conversa (franca, de preferência). No entanto, eu não conseguia falar tudo porque tinha receio dos juízos de valor que o profissional poderia fazer sobre mim. O fato de eu não ter um foco preciso não me deixava à vontade (pairava aquela pergunta: "Será que eu preciso mesmo disso?"). Deixei porque não pude mais bancar, mas foi melhor assim.

Já uma sessão de psicanálise (não sei qual era a linha específica da minha psicóloga, e vamos deixando claro que dentro da psicanálise há abordagens bastante distintas), há bem menos intervenções e, quando elas acontecem, servem para "cutucar" alguma coisa que você, teoricamente, quer colocar para fora, mas não consegue. O lado chato é que, algumas vezes, rola a sensação de estar diante de um chefe; o jeito de observar dos profissionais me passava a idéia de estar sendo avaliada, mesmo eles jurando que não há "certo" ou "errado". Ainda assim, um psicanalista pode ajudar você a trabalhar traumas de infância ou reconhecer padrões de pensamento que norteiam alguns comportamentos negativos automáticos da sua vida atual. Acredito ser válido e muito indicado para quem teve uma infância difícil ou para quem, basicamente, "guarda" muita coisa.

E sou suspeita para falar da linha humanista, a que mais deu certo para mim. O objetivo da sessão, segundo minha psicóloga, é criar um ambiente propício para você se sentir livre para falar o que tiver vontade, sem repressões. Me dá a sensação de que estou numa daquelas conversas profundas com uma amiga íntima, na qual, inclusive, se eu rir, ela vai rir comigo. Pela minha impressão, o foco humanista é em como você percebe sua vida, seus problemas e traumas. E é muito positivo para mim poder levar meus textos, comer um chocolate ou mexer as pernas freneticamente sem ter a sensação de estar sendo julgada pelo meu progresso ou retrocesso na terapia. Ao contrário das linhas anteriores, aqui as coisas parecem estar mais equilibradas entre as mãos do paciente e d@ psicólog@.

Por fim, por já ter passado por alguns constrangimentos com relação a esses profissionais, acabei ficando exigente em alguns aspectos. Alguns exemplos: acho importante @ psicólog@ saber o nome do paciente, pelo menos depois de algumas sessões. Também exijo saber a abordagem, o tempo da sessão e o formato básico da dinâmica (intervenções etc). Sou metódica: anoto quais aspectos desejo trabalhar e registro a evolução do tratamento. E falo, falo, falo... falo muito, porque finalmente aprendi que é meu direito passar 40 minutos semanais, basicamente, olhando para dentro.

3 comentários:

Natália disse...

Pois é, durante os meus 5 anos de curso, eu cheguei à conclusão que não existe terapia certa ou errada, no máximo, mais adequada ou não para cada caso em questão.

Há uma frase célebre que percorre os corredores do curso de psicologia... "cada caso é um caso". E é isso mesmo. Por exemplo, pessoalmente, acho um absurdo alguém que sofre de depressão crônica se submeter à psicanálise. É algo que toma tempo, e digamos que este caso exija uma certa urgência de intervenção. Penso que para isso uma cognitva-comportamental caia como uma luva.Como o próprio nome da terapia diz, outros problemas comportamentais se encaixam nesta abordagem, como o TOC.

No caso da humanista, eu tenho uma opinião meio controversa, mas assumo que é algo pessoal mesmo. Creio que ela funcione muito na prática, mas deixe a desejar na teoria. E pensar nisso é, no mínimo, estranho e paradoxal. Acontece que toda vez que eu lia um texto de humanista-existencial tinha a impressão que carecia de uma abordagem metodológica mais consistente. No entanto, todas as pessoas que atendiam à este tipo de terapia relatam boas experiências e evoluções incriveis. E é isso o que importa. Creio que ela seja ótima para alguem com "dúvidas existenciais" ou que "não tenha se encontrado", ou coisas do tipo...

Quanto à psicanálise, erm, bem, acontece o inverso... eu gosto da teoria, mas a prática chega a ser meio utópica e di$pendio$a. Mas há quem goste...

Outra pauta, é a postura do profissional terapeuta. Teoricamente ele deveria ser uma pessoa totalmente neutra dentro do seu consultório, respeitando as crenças e orientações do paciente/cliente, quer sejam sexuais, políticas, religiosas, entre outras. É totalmente antiético ao terapeuta impor as suas próprias ao seu paciente/cliente. Assino em baixo do seu último parágrafo.

E sabe, eu tenho que confessar, maaaas... toda vez que eu penso que teria que pagar semanalmente por sessão 30 reais em média, eu acabo achando melhor gastar esse dinheiro em outra coisa... (QUE HORROR pra uma psicóloga dizer isso!!!)

Beijão, Chris!

dayseoliveira disse...

Cara, eu preciso de terapia urgente!

Lu disse...

Nossa, eu já passei por alguns profissionais... A primeira que fui tocou tão fundo numa ferida que nunca mais voltei. A abordagem foi péssima e eu era uma pré-adolescente...

O segundo nem olhou pra minha cara direito e já foi receitando comprimido 8Db

A terceira... Bom, a terceira foi a melhor que tive. Super profissional e super gentil. Não forçava a barra e assim conseguiu com que eu falasse pra caramba até =]

Gostei do post. Esclarecedor.
E você está certíssima em perguntar a abordagem, a dinâmica etc.
Afinal, quando volta pra casa, é seu "EU" que vai estar resmungando até a próxima sessão xD