A nossa parcela de culpa

Libertar o corpo é o primeiro passo para libertar o espírito. Não é novidade para ninguém que a escravidão moderna ocidental consiste na imposição, por parte da mídia, de um ideal de beleza e saúde quase inatingível. Pondo um pouco de lado que somos, na maioria das vezes, vítimas desse bombardeiro de informações; o problema é que reproduzimos essas exigências no nosso cotidiano. Convenientemente, esquecemos de uma lista de coisas que os artistas hollywoodianos que tanto admiramos possuem à sua disposição para a constante manutenção da beleza, tais como:
  • intensa edição de fotos para a redução de medidas, rugas, estrias, celulites, dentes amarelados, manchas, sinais, frizz no cabelo e o caralho a quatro.
  • profissionais qualificados, como personal trainners, nutricionistas, fisioterapeutas, cozinheiros etc. para preparar-lhes dietas, séries de exercícios e literalmente "pegarem no pé" para controlar as escapadas.
  • acesso a cirurgias plásticas e uma série de procedimentos estéticos para dar adeus desde as gorduras localizadas até as bochechas (!) que sofrem ação da gravidade.
Quase aposto que meros mortais, como você e eu,  com acesso a toda essa sorte de artifícios, seríamos facilmente capa de revista - e olha que dentro dos padrões atuais!

Logo, acho uma injustiça exigir de nós mesm@s, que, salvo exceções, sequer trabalhamos com imagem, um visual de estrela. Quem tem um mínimo de consciência desalienada bem que poderia começar a tentar enxergar uma beleza mais realista, cotidiana, natural; uma beleza possível naquela mulher que faz dupla jornada, ou naquele homem que não tem grana para se matricular numa academia.

A proposta da tal real beleza tem que ser abraçada pela mídia, sim, mas pode começar no dia-a-dia, a partir da reflexão do indivíduo que começar a olhar diferente para a própria sociedade.

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